Hoje vi um buraco na estrada e um sinal de trânsito vandalizado. Mais adiante um semáforo controlado por radar que dispara aos 45 km/h e não aos 50 como devia. Estas observações levaram-me a pensar no serviço público que temos em Portugal. Certamente que haverá nas câmaras municipais serviços de atendimento especializados para inventariar e recolher precalces e avarias deste género. Se existem desconheço, mas presumo que sim. Mas caso existam, pecam pela escassa publicitação. Este seria um anúncio que ficaria muito bem na tv – a linha directa de intervenção do cidadão com vista á melhoria das condições da via pública. Caso os cidadãos aderissem em massa à denúncia destas pequenas falhas, o sistema poderia intervir muito mais rapidamente na sua resolução, e assistiríamos a uma melhoria das condições gerais de habitabilidade do País. E quem diz denúncia de pequenas falhas também diz sugestões, sugestões que pudessem servir para resolver problemas que só quem os vive diariamente na pele sabe que existem, e consequentemente a melhor forma de os colmatar. Mas deixe-mo-nos de ilusões. Como já disse, imagino que existam serviços desse género já institucionalizados, mas também imagino a carga burocrática que estará inerente à sua utilização. O preenchimento de papelada desnecessária sempre me intimidou, provavelmente não só a mim...
Uma coisa leva à outra e continuei com as minhas cogitações. Assiste-se nos tempos que correm a um crescendo da manifestação da opinião pública relativamente a diversos assuntos que embora estejam sob a alçada do estado não deixam por isso de ser discutidos e debatidos por todo o lado. E na realidade ouvem-se muitas opiniões que poderiam e deveriam ser consideradas. Os nossos governantes poderiam aprender bastante com alguns dos depoimentos que por aí circulam, assim como os técnicos encarregues da prossecução dos projectos. Resta então considerar a melhor maneira de fazer estas vozes chegarem às camadas superiores de gestão. O maior problema é o imenso número de vozes que têm pretensões a ser ouvidas. Destas, um grande número será para ignorar, visto não terem a importância suficiente para sequer serem consideradas - por vários motivos que não vou enumerar, deixo isso ao cargo da vossa imaginação. Imagine-se agora o volume de trabalho que não representaria ouvir e apurar todo este manancial de opiniões, assim como os recursos humanos que não seriam necessários para levar as camadas superiores de gestão a considerar cada uma das opiniões de cada um dos cidadãos interessados em manifestar-se e trocar pontos de vista. Não será que um projecto deste género seria ainda mais complicado e envolveria mais recursos do que a própria governação do País? Seria titânico.
E pensei ainda... E os treinadores de bancada? Essa espécie que abunda no nosso jardim à beira-mar-plantado, o tal País dos brandos costumes? Será que os clubes estariam interessados em criar a linha directa dos conselhos da táctica perfeita? Então sim, seria ver a malta, de dedo no ar, a indicar a melhor substituição na melhor altura, a definir as contratações da pré-temporada, etc, etc, numa azáfama delirante, levando o clube à vitória total...