ONTOLOGIA. Este termo foi usado pela primeira vez no sec. XVIII por Wolff. No entanto a formulação dos problemas a que procura dar respostas é bem mais antiga, as suas referências perdem-se nos confins dos tempos. A ontologia estuda as cambiantes do “ser”. Neste último termo “cabe o céu e a terra”, embora à partida possa parecer bem mais restrito. O “Ser” envolve toda uma panóplia de variáveis que nos escapam aos primeiros relances. Para compreender isto basta pensar a medida imensa em que a existência duma pedra difere da existência dum ser vivo. Depois há que considerar as diferenças no “ser” nos próprios seres vivos. É que a consciência da ideia pertence também ao domínio do “ser”. Que características podemos associar ao “ser” das ideias? As ideias “são”, disso não há a menor dúvida. No entanto, à semelhança da pura energia, as ideias não são palpáveis, não pertencem ao concreto material. Da mesma forma que ninguém pode negar as ondas hertzianas, também ninguém poderá negar que as ideias existem, daí terem “ser”. Depois surge o problema ontológico do devir - a mudança. É que para lá da existência singular que caracteriza cada ser na sua particularidade, teremos que contar por sua vez com o englobante. O englobante poder-se-á compreender mais facilmente se tivermos em conta, a título de exemplo, o evolucionismo de Darwin. Não há dúvida que o mundo não é extático, muda constantemente. Mas se pensarmos na causa primeira dessa mudança, na sua força motriz e nos seus motivos, no que lhe subjaz, teremos que nos render às evidências e admitir que estamos perante uma situação limite. Uma situação limite caracteriza-se por dar luz a um problema que apenas se pode conceber. Há muitas situações limite, sendo que a própria ciência não pode ter a arrogância de negar os problemas que transcendem o método experimental e a esfera do concreto. A própria ciência contemporânea não pode passar sem a fase especulativa. Todas as conquistas do conhecimento nascem na imaginação.
Esta é uma muito insignificante amostra das variáveis que subjazem à imensa problemática do “ser”. Até que ponto Augusto Comte não terá exagerado quando sugeriu que o conhecimento havia atingido a fase da sua maturidade com o advento do racionalismo? (…)