Um bocadito para lá das aparências
Domingo, 20 de Janeiro de 2008
A Marca

O meu gato tem uma coleira. Fui eu que lha pus. Tenho um grande afecto pelo meu gato e não quero que pensem que é vadio. Um gato sem coleira atrai canseira. Mais facilmente se molesta um gato sem eira nem beira.

Ela tem um anel. Um anel de noivado. Foi alguém que lho deu. Não basta que tenha o dom da palavra. A marca antecede a palavra, assinala que tem os afectos tomados.

Será por orgulho ou por temor que se exibe a marca? Não seriam suficientes as palavras? O meu gato não fala, precisa da marca. A minha amada não precisa da marca, basta afirmá-la… Confissões de ternuras alheias despeitadas - donzelas violentadas.

Eu não tenho marca. O meu sentir é sincero. Quem sente apaixonadamente não precisa de marca. A infidelidade é amarga quando comparada ao doce afecto da verdadeira amada.

Depois vem a hipotética quebra. O sentir profundo não dura eternamente. Talvez porque nunca toque lá mesmo no fundo. É no momento da queda que se descobre se a marca serve ao orgulho ou ao temor. Marca ultrajada fanfarra desafinada! Marca traída está de saída.

Envelhecer a teu lado é obra das palavras; morrer só à tua beira é obra da marca



publicado por Transbordices às 17:42
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De so12 a 21 de Janeiro de 2008 às 12:52
Pleot... dizes tu que desejas um grande amor? Depois do que escreves? Antes um gato de telhado, vadio, que vai e volta, como os meus... que me conhecem, a quem respeito, a quem não coloco coleiras nem aneis.. antes livre! Antes só... antes... José Régio!


De Transbordices a 21 de Janeiro de 2008 às 16:57
Um grande amor sim, quem não o deseja? Sabes que não está bem claro para mim "depois do que escreves". Podias ser mais específica? Para eu tentar melhorar...


De so12 a 21 de Janeiro de 2008 às 20:31
Referia-me a isto quando falava de um grande amor... serve?
"De Transbordices a 20 de Janeiro de 2008 às 21:08
Era bom era, se eu dependesse apenas de mim - era já amanhã que fazia aparecer um grande amor, dinheiro à descrição, que dava um pontapé na tristeza. Só em sonhos delirantes é que dependo apenas de mim. Tal como este blog, que traduz não o que a autora quer mas o que pode, e o que pode não é certamente o que ela deseja em absoluto. E o vigostsky encaixa nisto, porque muito daquilo que somos é o reflexo daquilo por que passamos, e não do que queremos... "


De Transbordices a 21 de Janeiro de 2008 às 20:43
Isso está bem claro. Embora assim fora do contexto perca muito do seu sentido original.
O que não está claro é em que medida o «que eu escrevo» é impeditivo de desejar um grande amor...


De so12 a 21 de Janeiro de 2008 às 23:25
Pleot, nada é impeditivo...ora essa! Desejo-te muito um grande amor, claro... acho que hoje não estou lá muito objectiva... sorry
Aliás, até te desejo que venha o maior amor da tua vida, ficarias ocupado e não escreverias livros de fio a pavio para ninguém ler... mas ninguém... é muito dúbio... :)


De Transbordices a 21 de Janeiro de 2008 às 23:48
Hum, esta transversalidade está a adúlterar o sentido. Acho que começa a haver um problema sério de corrosividade interpretativa. Agora sei como se sentem as figuras públicas quando leem certas notícias no jornal? ;)Quanto ao grande amor será sempre bem vindo. Fico então na dúvida quanto ao "depois do que escreves". Volta sempre mas deixa o que se passa no teu blog no teu blog.


De so12 a 22 de Janeiro de 2008 às 01:05
Apaga Pleot... quando está mal, muda-se, ok?
A transversalidade... não vês que estamos a escrever uma espécie de Chuva Oblíqua, que tudo encaixa na mesma paisagem? Então vejo-te aqui a chorar a tristeza de um amor adulterado na coleira de um gato e não queres que me alarme pelo teu expresso desejo de um outro?
Que venha então expresso... do oriente, sabor a café, atravessando o teu ecran, caindo-te no colo em express...mail. Apaga o que não encaixa, mas deixa a escrita fluir... vadiar como os meus gatos. Boa noite e boas leituras...as palavras, como diz a Teogonia Maria, não servem rigorosamente para nada, os pedagogos e os sofistas estão quase extintos, por desejo... expresso!


De Transbordices a 22 de Janeiro de 2008 às 02:11
O gato só é meu porque é o que ele quer, por mais que vadie volta sempre. Tem sempre a porta aberta, eu sei que ele gosta de ir às gatas. Gostei da tua interpretação, mas será que acertaste bem no centro do alvo? Cuidado com a escrita hipócrita, nunca se sabe quando o autor está a gozar connosco - o que é abominável, não? Penso que as palavras podem ser estudadas num espectro bem mais amplo, aliás, penso que a pedagogia até nem lhes dá grande ênfase. O retórico, esse, mais não faz do que sistematizar o seu discurso, se é que estamos a falar da genuína retórica. Retórica é sistematização - pouco mais que isso, ou não é? De resto, deixar fluir as palavras é o mister de quem quer que seja que faça delas a sua ocupação. Mas cuidado - para que elas não fluam desordenadamente, e que expressem sempre aquilo que na realidade sentes. Pelo menos para isso ainda servem as palavras. De resto, o que não se pode expressar pelas palavras existe? Ou fica-se pelo mero esboço, titubeando na agonia do nado-morto e nunca chegando sequer a ser? Vem-me à cabeça o orgulho do hipócrita que se refugia na certeza das suas convicções preconceituosas que nem ele mesmo sabe bem o que são.


De so12 a 22 de Janeiro de 2008 às 17:34
Pleot... ora cá está o que é a arte da retórica aliada à maieutica: fazer parir um discurso que nãos e deseja, ou do qual nem nos damos conta! Vês meu colega blogger como acabaste por concordar com as "agonias" e as secretas hipocrisias dos críticos? è isso mesmo.. estas trocas começam a tornar-se sérias quando versam tais temáticas... há que ter muito cuidado com os gatos... hipócritas!
A retótica é mais do que sistematização, é pura prestidigitação e devia ser mais respeitada pelo domínio técnico que exige. Não confundas retórica com demagogia... nas palavras prefiro a prosódia a analisar do que uma proxémia ilusória (acda vez mais a transversalidade do tema se aproxima de uma imagem real, ahhh Pessoa! Que nem aprecio... nunca consiguira expressar por palavras tudo o que sinto, é demasiado redutor... não temas por isso.
O teu gato é como os meus: escolheram-me como dona e já tive algusn que se fartaram de ser e fugiram. Como as palavras... brincam ao toca e foge, voltam cheias de fome e descansam horas a fio, dias... Não sou nem hipócrita nem coerente, sou e sou-o desordenadamente. tal como meu discurso. Para quê tantos cuidados se não passam de meras palavras? Ou desejas dividi-las em morfenas, fonemas, etc, até que percam todo o qualquer sentido? A que vem aqui a semiótica? tea time...


De so12 a 22 de Janeiro de 2008 às 17:37
Se tens um tempinho livre corrige os erros ortográficos que aqui também se põe o problema da disléxia.... irra!


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